Por Ubiracy de Souza Braga*
Segundo o teólogo Leonardo Boff, “o equivalente à torcida do Corinthians saiu da linha da miséria, e o equivalente à torcida do Flamengo saiu da linha da pobreza”, para referir-se ao eixo Rio-São Paulo. E Fortaleza quando irá alcançar a 1ª divisão definitivamente? Só quem não entende nada ou quase nada da história política e social do Brasil não vê que isto representa uma grande transformação das estruturas de classe em nosso país a favor dos menos favorecidos. Para ele, a crise da cultura mundial reside na “falta de cuidado”, falta clamorosa no tratamento das crianças e dos idosos, dos ecossistemas, das relações sociais e de nossa própria profundidade. É o “cuidado” que salvará o amor, a vida e nosso esplendoroso planeta Terra. Questão nevrálgica no Ceará, entre outras, refere-se ao “cuidado” de crianças e idosos.
Na Carta da Terra, documento elaborado ao longo de 8 anos, talvez analogamente, como no aprendizado da “arte cavalheiresca do arqueiro Zen” (cf. Herrigel, 1998), envolvendo as bases da sociedade e o melhor do pensamento ecológico, político e ético de 46 países e implicando mais de 200 mil pessoas, visando garantir o futuro do Planeta e da humanidade, e recentemente acolhido pela UNESCO, nesta Carta, o eixo estruturador é a “ética do cuidado”. Ou seja,
“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações”.
Para vocês, diz Leonardo Boff, da medicina e da enfermagem, essa assunção não
significa nenhuma surpresa, pois, como disse e repito, o “cuidado” é a essência da atitude curativa dos operadores da saúde. Já no século passado emergia essa perspectiva do cuidado com a famosa enfermeira inglesa Florence Nightingale. Ela deixou a Inglaterra e foi tratar, sob a “ótica do cuidado”, os soldados feridos na violenta guerra da Criméia. O conflito iniciou-se efetivamente em março de 1854. Durante o cerco a Sevastopol, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heroico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em setembro de 1855. Em seis meses conseguiu reduzir de 42% a 2% a mortandade entre os soldados feridos. De volta organizou toda uma rede de hospitais que davam centralidade ao cuidado. Deu origem a uma corrente de pensamento e de ética na enfermagem, articulada ao redor do “cuidado”, hoje muito forte nos Estados Unidos e de resto no mundo.
Sustentamos a tese segundo a qual a “corpolatria” é uma espécie de “patologia da modernidade”. Ela se caracteriza pela preocupação de “cuidados extremos” com o corpo, não exatamente no sentido da saúde ou presumida falta dela, como no caso da hipocondria, mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência diante de um espelho em que se torna obsedante, incapaz de satisfazer-se com ela, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la. Sendo assim, a corpolatria “se manifesta como exagero no recurso às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, abuso do fisiculturismo, entendido como musculação, uso de anabolizantes”, etc. como temos na relação fútil entre aqueles que enformam a classe média com relação ao consumo em geral de tudo aquilo que envolve o seu corpo (cf. Braga, 2011).
A associação entre classes médias e consumo, tão comum na literatura, mostra que o consumo é um recurso central na formação da identidade desta classe. O maior salário desta classe, no caso cearense é de um professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), cuja remuneração total chega a R$ 46.430,42. O levantamento, com base em informações retiradas do Siape – sistema on-line que administra o quadro de pessoal civil do Governo Federal – revela remunerações acima de R$ 25.725,00, teto salarial da administração pública, subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal. Parte dos altos salários decorrente do pagamento de sentenças judiciais é de fato de um servidor da Universidade Federal do Ceará, remuneração de R$ 46.430,42, decorrente de sentença judicial. A remuneração, originalmente de R$ 18.975,05, tem decisão judicial incorporada no valor de R$ 27.455,37. Sobre esse valor, incide corte de R$ 9.294,32. Com isso, a remuneração bruta é de R$ 37.136,10.
Além desse caso do servidor da UFC, há, no Executivo Federal, outros quatro com remuneração total (remuneração inicial somada à decisão judicial) superior ao teto salarial da administração pública: um no Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (R$ 33.232,39), um na Universidade Federal do Acre (R$ 32.202,63), um na Universidade Federal de Minas Gerais (R$ 28.732,27) e um na Universidade Rural Federal do Rio de Janeiro (R$ 28.251,78). A portaria que divulga os maiores e menores salários da administração pública federal é publicada três vezes ao ano e trás brutos os valores das remunerações, sem incidência de descontos, impostos ou contribuições. A última publicação ocorreu em outubro do ano passado.
O então reitor da UFC, Roberto Cláudio Frota Bezerra, pediu na ocasião a lista dos salários de todos os funcionários da universidade. Ele quis mostrar que não há “marajá” na instituição. O levantamento foi pedido após a revista “Veja” publicar nota dizendo que oito professores da UFC recebiam mais de R$ 22 mil. Eles estariam entre os dez mais bem pagos do país. Os supostos supersalários, segundo a reitoria, foram concedidos pela Justiça. Os beneficiados conseguiram incorporar gratificações e perdas salariais de planos econômicos, como o Plano Collor, que trouxe abono de 84% aos salários. A maioria dos que têm altos salários é de aposentados que tiveram cargo de direção na UFC, como Pedro Sisnando, então secretário de Desenvolvimento Rural do Ceará. Ele nega que receba mais de R$ 20 mil e quer que a UFC divulgue o real valor de sua aposentadoria.
Se o “alto valor” nem Freud explica, menos ainda Marx, numa esfera da economia onde o servidor não detém decisões judiciais favoráveis a pagamentos de retroativos, mas “conseguiu ainda incorporar uma série de gratificações acumuladas ao longo do tempo. Sobre o montante, no entanto, incide o abate teto – instrumento legal utilizado pelo governo para adequar a folha de pessoal -, o que faz com que a remuneração bruta caia para R$ 37.136,10. Na mesma instituição, o servidor que está na base da pirâmide ganha R$ 837,04 por mês”. Agora Marx explica: uns são, uns não, quanto à origem da pauperização do trabalho.
Economicamente falando, embora tenha alcançado elevado índice de crescimento nos últimos 20 anos, a concentração de renda de sua população aumenta significativamente, de modo que os 10% mais pobres ganham em média 0,76% do salário mínimo, enquanto os 10% mais ricos ganham 45,7 salários mínimos. Estes desequilíbrios têm se refletido em várias frentes de expansão da miséria social e da violência, através da segregação dos espaços da cidade. Dados de 1995 revelam um contingente de 720 mil favelados, o que corresponde a 36% da população de Fortaleza. Os espaços de Fortaleza são segregantes, sendo nítida “a cidade dos turistas e a cidade dos miseráveis”. Essa característica deixa alguns habitantes locais “irritados com a invasão dos turistas”, enquanto outros pensam que “turismo desenvolve a cidade”, econômica e socialmente, por ser uma atividade geradora de empregos e de renda. A cidade, como de resto no Brasil, reúne belas praias, e conta com a receptividade de “seu povo” e outros atrativos culturais, mas a identidade não está na condição de nordestino (cf. Penna, 1992), de classe ou de gênero, mas sim no modo como estas condições são apreendidas e organizadas simbolicamente, daí a expressão: “orgulho de ser nordestino”.
Ideologicamente seus governantes e próceres desenvolvem a ideia de que a cidade é um polo industrial e um centro turístico, “sendo uma das cidades que mais cresce na região Nordeste”. Mas para Josênio Parente nem sempre foi assim, pois,
“O Ceará não formou oligarquias fortes porque, na sua estrutura, a economia não ajudou. Nossa economia é de seca. A base de sustentação do poder local sempre foi em cima de se obter voto. E, se na hora da seca, até o dono da terra sai, como ele pode sustentar esse poder? O Ceará está muito mais ligado ao messianismo, a uma magia para explicar as incertezas que a natureza deixou na nossa realidade. O Ceará não pôde formar oligarquias como em Pernambuco, como na Paraíba. Aqui você teve a oligarquia dos Acioly, que passou menos de doze anos, e as pessoas se lembram como se os Acioly dominassem todo o tempo no Ceará. A literatura se influenciou demais pela literatura de Pernambuco. As pessoas pensavam que Pernambuco era Nordeste. O manifesto regionalista de Gilberto Freyre mostra isso. Então o Ceará encontrou essa inferioridade e os intelectuais não tinham essa visão. Quixadá era formada por elites comerciais e não por coronéis. A família Barreira desaparece na década de 20 para ficar a Igreja tomando espaço. Isso mostra a fragilidade enorme de encontrar elites civis fortalecidas” (cf. Parente, 2001).
A chamada “Grande Fortaleza” é a quinta maior metrópole do Brasil, e passa por todos os problemas urbanos comuns às cidades brasileiras, pois desgraçadamente, entre as regiões metropolitanas é a segunda maior em proporção de pobres, logo atrás do Recife e um pouco à frente de Salvador. O rápido crescimento urbano-econômico de Fortaleza, que possui 336 km2 de área totalmente urbanizada, e a firme deliberação dos governos municipais e estaduais, as transformou numa moderna urbe, em um polo turístico emergente, mesmo sendo uma cidade repleta de contrastes e sem solução de seus problemas sociais e culturais em curto prazo com governos ainda sob a égide de oligarquias, inclusive nas universidades, no campo e nas cidades.
Ipso facto a literatura sobre o consumo de classe média tem se voltado, fundamentalmente, para a formação e a expressão dessa identidade canhestra na prática, e não para o modo como as pessoas definem a classe média através do discurso político. Ou de tradição sociológica de Marx aos neo-estruturalistas. Historicamente algumas pesquisas chegaram perto de concluir que a classe média no Brasil tem sido modelada e definida pelo consumo, como ocorre sobre as classes médias no Rio de Janeiro e em São Paulo, antes da década de 1950, e depois pelas “antenas de TV”, onde as identidades de classe média se forjavam principalmente em oposição à classe operária.
Além disso, como sabemos em seu parti pris, a classe média foi cooptada pelo regime militar no Brasil (1964-1985), com o chamariz do consumo, como pode foi visto na Passeata dos Cem Mil que foi uma manifestação popular de protesto contra a ditadura militar no Brasil, ocorrida em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, organizada pelomovimento estudantil as associações de bairro, os grupos ecológicos, os sindicatos de trabalhadores, os grupos de defesa da mulher e também as entidades estudantis – Diretórios Centrais, União Estadual, Centros Acadêmicos, Executivas Nacionais – como órgãos representativos desse setor social. E a UNE – União Nacional dos Estudantes deixa de ter caráter unificador dos anseios da população, para ser um órgão de atuação mais específica das escolas e que contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira.
Em outras palavras, as chamadas classes médias e relativamente às chamadas “altas classes”, na falta de melhor expressão, teriam sido as grandes beneficiárias da expansão das oportunidades de emprego e do florescimento da sociedade de consumo que se seguiram ao “milagre brasileiro” de 1968-1974. O “milagre econômico brasileiro” é a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico ocorrido durante o Regime militar no Brasil (1964-84), também conhecido pelos oposicionistas como “anos de chumbo”, especialmente entre 1969 e 1973, no governo Médici. O general Medici governou o país durante o regime militar, sendo o seu governo conhecido como “os anos de chumbo da ditadura”, devido à violentíssima repressão promovida à oposição durante seu governo. Prisões, torturas e grupos de extermínio foram fatos comuns em seu governo, que lhe deram o apelido de “Carrasco Azul”, devido ao seu sobrenome, Garrastazu.
Nesse período aparentemente áureo do desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da pobreza, instaurou-se um pensamento ufanista de “Brasil potência”, que se evidencia com a conquista da terceira Copa do Mundo de Futebol em 1970 no México, e a criação do mote: “Brasil, ame-o ou deixe-o”, em que coincidências à parte o grupo musical bahiano “Doces Bárbaros” cantavam: “O seu amor ame-o e deixe-o livre para amar…”. As três vitórias na Copa do Mundo ajudaram a manter no ar um clima de comunicação euforia generalizada, nunca antes vista, e daquilo que Elio Gaspari apelidou de “patriotadas”. O Brasil cantava: “Noventa milhões em ação,/prá frente, Brasil do meu coração(…) Salve a seleção”.
Doces Bárbaros é o nome de um grupo de MPB dos anos 1970 formado por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. O grupo surgiu para comemorar os 10 anos de “carreira solo” dos seus componentes, que pretendiam além de realizar shows, gravar um disco ao vivo e registrar tudo em um documentário. Como grupo, Doces Bárbaros pode ser descrito “como uma típica banda hippie dos anos 70, mas sua característica marcante é a brasilidade e o regionalismo baiano, naturalidade de todos os integrantes”. O disco de 1976 é considerado por muitos uma obra-prima da música brasileira, mas, curiosamente, na época do lançamento, foi duramente criticado. Idealizada por Maria Bethânia, a banda interpretou composições de Caetano e Gil, fora algumas canções de outros compositores como “Fé cega, faca amolada”, de Milton Nascimento e o clássico popular “Atiraste uma pedra”, de Herivelto Martins.
Inicialmente o disco LP seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo de estúdio, com as canções “Esotérico”, “Chuckberry fields forever”, “São João Xangô Menino” e “O seu amor”, todas as gravações raras. Na composição de Gilberto Gil, vejamos a letra de “O seu amor”: “O seu amor/Ame-o e deixe-o/Livre para amar/Livre para amar/Livre para amar/O seu amor/Ame-o e deixe-o/Ir aonde quiser/Ir aonde quiser/Ir aonde quiser/O seu amor/Ame-o e deixe-o brincar/Ame-o e deixe-o correr/Ame-o e deixe-o cansar/Ame-o e deixe-o dormir em paz/O seu amor/Ame-o e deixe-o/Ser o que ele é/Ser o que ele é/Ser o que ele é”. Na época da turnê, Gilberto Gil foi preso em Florianópolis por porte de drogas, fato que acabou sendo registrado no documentário:Doces Bárbaros, dirigido por Jom Tob Azulay.
Mas, como dizíamos, é a “classe” par excellence por se distinguir dos demais setores sociais por intermédio do consumo tal e qual: “the Roman Senate conferred the honorific title of Augustus, the imperial title par excellence”. Assim, “sociedade de consumo” é um termo utilizado para designar o tipo de sociedade que se encontra numa avançada etapa de “desenvolvimento humano”, fenomenologicamente de Hegel à Marx, e que nos dias de hoje, se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços, disponíveis graças à elevada produção dos mesmos através da exploração da capacidade de trabalho e de serviços informatizados. O conceito é expressão de economia de mercado e, por fim, ao conceito de “modernidade” (cf. Braga, 1996) diante do capitalismo.
A evolução da população do estado do Ceará, mutatis mutandis, da região Nordeste e do Brasil referente aos anos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010, possibilita a análise do crescimento populacional e das mudanças de consciência ocorridas na estrutura demográfica do Estado. Especificamente na última década, constatou-se que o Ceará registrou um aumento absoluto em sua população de 1.021.720 habitantes, o que equivale a um crescimento relativo de 13,75%. Em termos percentuais, a população estadual correspondeu a 15,92% da população da Região Nordeste e a 4,43% da população do Brasil, em 2010. No Brasil, a classe média tem características singulares decorrentes de sua história peculiar. Aqui ela se propôs, [no Brasil] de acordo com Martins (2009), com a difusão do trabalho livre, muito aquém do marco liberal, contratual e racional que lhe foi próprio nos Estados Unidos e nos mais avançados países europeus. Em nosso marco próprio definiu-se nossa ideologia da ascensão social pelo trabalho, o caminho dos trabalhadores para a classe média. A ideologia de ascensão pressupunha méritos para escalar os degraus do escape das posições sociais ínfimas. Portanto, regulava não só o ritmo da mobilidade social, mas também instituía certo conformismo na mudança. Isto é importante.
A consciência de “classe média” persistiu, porém, não mais como consciência da obrigação dos sacrifícios próprios das conquistas pessoais, do preço a pagar pela ascensão, mas “como consciência do débito entre o desejado e o realizado, do preço a receber pela condição de classe”. A nova classe média brasileira não está perecendo, mas está em franca decadência, o que pode ser observado todos os dias, nos últimos anos, no tipo de reivindicação que faz e no protesto que grita. Perdeu o gosto pela “leitura”, e pelas artes em geral, do ponto de vista da atividade intelectual criadora, para lembrarmo-nos de A. Gramsci. As reivindicações corporativas, como as das “cotas” de todo tipo para ingresso nas universidades proclamam a disseminação de um “novo vestibular”, não mais para selecionar talentos, mas para distribuir privilégios, o vestibular das cotoveladas nos direitos universais em nome dos direitos corporativos.
No fundo, levantam a bandeira reacionária de pretenderem o ensino público e gratuito só para si. Especificamente na última década, constatou-se que o Ceará registrou um aumento absoluto em sua população de 1.021.720 habitantes, o que equivale a um crescimento relativo de 13,75%. Em termos percentuais, a população estadual correspondeu a 15,92% da população da Região Nordeste e a 4,43% da população do Brasil, em 2010. Fortaleza, tendo o 15º maior PIB municipal da nação e o segundo do Nordeste, com 28,3 bilhões de reais, é relativamente um importante centro industrial e comercial do Brasil, com o sétimo maior poder de compra do país. No turismo, a cidade alcançou a marca de destino mais procurado no Brasil em 2004, com atrações como a “micareta” Fortal no final de julho e o maior parque aquático do Brasil, Beach Park.
Em 2010 foi a capital do Nordeste mais requisitada por viajantes nacionais, segundo um estudo do Hotéis.com. No cenário nacional, a capital cearense ocupou a 4ª colocação, atrás apenas do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. É sede do Banco do Nordeste, da Companhia Ferroviária do Nordeste e do DNOCS. Em 1996 a cidade ingressou no chamado “Mercado Comum de Cidades”, mas permanece com um quadro de violência urbano onde se incluem: prostituição contra crianças e adolescentes, crimes de pistolagem, assassinatos de mulheres, que gerou a Lei denominada: “Maria da Penha”, acentuado índice de desemprego, corrupção passiva no serviço público de carreira e particularmente nas universidades.
Em entrevista ao jornal “O Dia” (RJ), o cantor Fiuk contou que o pai, Fábio Jr, quase “ficou” com uma namorada sua. “Ele passou perto. Lembrou na hora: ´Pô, é namorada do meu filho’. E teve bom senso. Ele come até pedra”, brinca ao comentar a fama do pai. Em um “jogo rápido” com o jornal, Fiuk afirmou que dividiria uma mulher com seu pai: “Se eu não estivesse namorando, as coisas seriam bem diferentes. Mas sim, por que não? Qualquer brincadeira vale. A vida é uma só”. O cantor ainda contou que sempre dorme pelado e não revelou se depila alguma parte do corpo, mas o certo é que os devaneios do corpo, de acordo com Freud, ocorrem através da mediação do ego em defesas bem e malsucedidas a expressão direta e indireta, na forma de sintomas neuróticos e atos simbólicos são conseguidas. Este modelo de homem necessita de um alto grau de controle na sociedade e saídas institucionalizadas para os impulsos. Sem esses, de acordo com o modelo freudiano, viveríamos de forma arriscada. Não é esse o caso das chamadas classe médiano Brasil e em particular na cidade de Fortaleza?
*Ubiracy de Souza Braga é sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Bibliografia geral consultada:
HERRIGEL, Eugen, A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen. 15ª edição. São Paulo: Editora Pensamento, 1998; BRAGA, Ubiracy de Souza, “Modernidades e Cultura de Fronteira”. Conferência escrita e falada na 4ª Reunião Especial da SBPC – Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência. Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, 24 a 28 de novembro de 1996; Idem, www.oreconcavo.com.br/2011/01/27/corpolatria-patologia-da-modernidade-por-ubiracy-de-souza-braga/; http://www.oreconcavo.com.br/2010/06/06/o-ceara-socialista-notas-e-comentarios-ubiracy-de-souza-braga; PARENTE, Josênio,“Coronelismo: Nova versão para uma velhahistória”.Disponívelem:http://www.nordesteweb.com/not01/ne_not_20010131a.htm;RICCI, Rudá, “O Maior Fenômeno Sociológico do Brasil: a Nova Classe Média”. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2010/01/20;MAURA, Penna, O que faz ser nordestino: identidades sociais, interesse e o´escândalo` Erundina. São Paulo: Cortez, 1992;WALHENS, A de, “L`idée phénoménologique d’intentionalité”. In: Hussuerl et la pensée moderne. Haia: 1959; BOTTOMORE, Tom, “Marxismo e Sociologia”. In: NISBET, Robert; BOTTOMORE, Tom, História da análise sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980; IANNI, Octavio. Dialética e capitalismo – ensaio sobre o pensamento de Marx. Petrópolis: Vozes, 1982; KONDER, Leandro. O Futuro da Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1992; BOFF, Leonardo, Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis: Vozes, 1999; Idem, Depois de 500 anos: que Brasil queremos? Petrópolis (RJ): Vozes, 2000; Idem, A Nova Era: A Consciência Planetária. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007; Idem, “Uma história épica: Irmãs negras”. In: Diário do Nordeste. Fortaleza, 23 de novembro de 2009; MARTINS, José de Souza. “O medo da classe sem destino”. Jornal O Estado de S. Paulo. São Paulo, 14-06-2009, Caderno Aliás, p. J3; ALBUQUERQUE, J. A. Guilhon, “Classe Média: Caráter, Posição e Consciência de Classe”. In: Classes Médias e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977; pp. 11-31entre outros.
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